Lançado em meados
de 2021, Luca é a aposta da Pixar para a temporada de premiações. Famoso por
conta do extenso catálogo de icônicas produções, tais como Divertida Mente, Soul,
Monstros S. A. e Coco, o estúdio busca repetir o sucesso que os filmes
mencionados obtiveram. Entretanto, Luca é só mais uma obra genérica que pouco
tem a oferecer.
A princípio, o
longa tem início de forma ágil e direta que não perde tempo com meandros
narrativos. É, portanto, uma introdução eficaz que apresenta o mundo fictício
da animação e os parâmetros que o regem, fazendo com que o público seja
imediatamente envolto pela trama prestes a se desenrolar. O mesmo pode ser dito
acerca dos personagens centrais que cativam os assistentes já na primeira cena
em tela. Esse efeito não é causado pelo extremo carisma ou por alguma outra característica
extraordinária que o texto lhes atribui, mas sim pela simplicidade do caráter
de cada um deles e pela naturalidade com que o enredo conduz as relações que
regem o convívio dos indivíduos envolvidos no respectivo núcleo.
Conforme frisado
acima, a película estabelece a concepção de seu universo de modo lesto. Em face
disso, Luca não se aprofunda a explorar as minúcias da realidade subaquática
dos seres que protagonizam a estória, permitindo, em decorrência, que o roteiro
mantenha o foco em uma pequena cidade terrestre: Portorosso. A escolha pelo
município italiano possibilita que o entrecho use a cultura do país para
desenvolver o ambiente cenográfico, o que se manifesta através das músicas, da
culinária, do sotaque dos habitantes e até mesmo por intermédio de objetos
específicos que possuem sua parcela de importância na trama. Posto isto, é
interessante observar como essa decisão do script difere a produção dos
títulos citados no primeiro parágrafo, visto que tais obras possuíam um
universo próprio. Logo, ainda que as homenagens à Itália ganhem força, eximir o
espectador de um conhecimento mesmo que sucinto do mundo das criaturas marinhas
é frustrante.
Outrossim, o ritmo
que o filme impõe até o término do segundo ato é dinâmico e envolvente. As
piadas oriundas da ignorância que os personagens têm perante a vida humana são
hilárias, bem como as sequências que utilizam a interação dos elementos
mundanos com os protagonistas e a maneira que estes os afetam. Sobretudo, o senso
de aventura está muito presente, o que é projetado por meio das personalidades
que compõem o trio principal (Luca, Alberto e Giulia) e pela sucessão de
eventos que sustentam a cadência frenética do longa. No entanto, a
superficialidade com que o texto aborda temas como aceitação e diferenças em
seu terceiro bloco, além de recorrer às pautas para ensejar conflitos blasés
durante o clímax, são fatores que afetam negativamente o desfecho da película.
Ademais, vale ressaltar que as participações do antagonista Ercole são
horríveis, ou seja, o personagem é enfadonho e não acrescenta nada ao entrecho.
Em suma, Luca é uma
animação divertida enquanto se preocupa somente com o entretenimento do
público. Contudo, a inserção de debates que jamais amadurecem e a inclusão de
um vilão entediante resultam em um terceiro ato lasso que compromete a
experiência como um todo.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha
Técnica:
Data de
lançamento (Brasil): 18 de junho de 2021
Direção: Enrico
Casarosa
Elenco: Jacob
Tremblay, Jack Dylan Grazer, Emma Berman...
Gênero: Animação
Nacionalidade:
EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Em Luca, acompanhamos uma história de
amadurecimento sobre um jovem que vive um verão inesquecível repleto de
sorvetes, massas e passeios intermináveis de scooter.
Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 91%
Metacritic: 71%
Filmow (média geral): 4,1
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,3/3,5
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 5,5
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