Depois de encantar
ao mundo com o seu desempenho cênico vivendo Tyrion Lannister em Game of Thrones,
Peter Dinklage atrai os holofotes da indústria cinematográfica com Cyrano.
Contudo, será que o novo filme de Joe Wright está à altura de seu principal
astro?
Em primeira análise,
Cyrano é um longa pletórico. Tal traço se sobressai especialmente nos primeiros
minutos quando os personagens são apresentados de forma histriônica, tanto
visualmente, com a maquiagem carregada e o figurino exacerbado, quanto no que
se refere às atuações. Dito isso, as performances são propositalmente
exageradas, o que corrobora, sobretudo, o tom teatral que a película prioriza. No entanto, vale observar que essa característica das interpretações
é apregoada apenas durante parte do primeiro ato, haja visto que posteriormente
estas seguem as decisões menos inusitadas exercidas pelo roteiro. Logo, ainda
que o elenco consiga equilibrar as exigências impostas pelo texto, a obra soa
um tanto quanto bagunçada por destoar de uma hora para a outra a abordagem
escolhida.
No que concerne ao
protagonista, o filme merece nota pela concepção de um personagem fácil de
simpatizar. Nesse sentido, a personalidade carismática de Cyrano é essencial
para cativar o público. Além, considerando que o longa é sobre um amor
impossível, o espectador compreende os conflitos do anão e se sensibiliza pelos
motivos que tornam a sua amada tão inalcançável. Posto isto, a inserção de
Chistian, ainda que o indivíduo seja unidimensional e sirva somente como canal para
algumas piadas poderem ser articuladas, acentua os dilemas do protagonista e fazem
que o respectivo seja mais que um mero rosto a se ter pena; ele é genuíno,
bondoso e convincente em sua paixão. Muito disso provém da capacidade que o seu
intérprete tem de transitar com talento pelas distintas nuances da persona,
tais como resignação, pesar, admiração e lealdade.
Por outro lado, Roxanne,
mulher com assaz importância na estória, possui uma representação pífia ao ser
reduzida a um simples interesse romântico, ou seja, o assistente jamais tem a
oportunidade de conhecê-la melhor e entender seus sentimentos. Em contraparte,
os números musicais que ela protagoniza são funcionais ao intensificar as emoções
vigentes - principalmente de Cyrano - e entreter o público com performances que
por si só são entusiásticas. Convém mencionar que a personagem é a responsável por
liderar o desfecho agridoce da narrativa, este que, apesar de suceder um terceiro
ato arrastado, corta no momento exato e apresenta elementos suficientes para
agradar os espectadores céticos assim como os auspiciosos.
Outrossim, o arco
do duque é estafante e o cidadão em si é derivado e demonstra pouca inspiração. Vale
frisar que a única relevância que ele possui é quando envia alguns soldados
para matar Cyrano, pois a cena desencadeada a seguir é muito boa. Em
outras palavras, o diretor orquestra um plano-sequência onde os atores atuam
com segurança e habilidade, permitindo que a câmera se mova com fluidez
enquanto o elenco produz os movimentos coreografados e o assistente possa assistir
tudo sem perder um golpe sequer. O que torna o segmento mais impressionante é a
unicidade de sua ocorrência e a inteligibilidade com que o público pode
acompanhar o trecho sem que o cineasta caia em vícios da indústria de filmes de
ação; ou seja, mesmo sendo um musical, o longa consegue ser mais eficiente em
uma sequência de combate do que muitas produções que têm as lutas como foco
majoritário.
Em síntese, Cyrano
é uma obra irregular, mas o protagonista cativante e a narrativa singela são suficientes
para propiciar uma experiência despretensiosa.
Matheus J. S.
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Ficha Técnica:
Data de
lançamento (mundial): 25 de dezembro de 2021
Direção: Joe Wright
Elenco: Peter
Dinklage, Kelvin Harrison Jr., Haley Bennett…
Gênero: Drama
Nacionalidade:
EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Cyrano De Bergerac (Peter Dinklage) é um homem à
frente de seu tempo que brilha tanto pela destreza de sua réplica quanto pela
de sua espada. Mas, convencido de que sua aparência o torna indigno do amor de
sua grande amiga, a resplandecente Roxanne (Haley Bennett), ele resolve não
confessar seu amor por ela, deixando-a sucumbir à primeira vista aos encantos
do belo Christian (Kelvin Harrison, Jr.), dando início a um triângulo amoroso
dramático.
Avaliação:
IMDb: 6,0
Rotten: 85%
Metacritic: 69%
Filmow (média geral): 3,5
Kontaminantes (Matheus
J. S.): 5,5
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