8 de janeiro de 2022

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The Humans

Pôster

Filmes que se apropriam de cenários minimalistas e poucos personagens para contar sua estória, geralmente precisam de um roteiro competente para manter o espectador instigado durante toda a sua duração. Esse é o caso de The Humans, longa dirigido por Stephen Karam que adapta a peça homônima.
Em primeira análise, The Humans é uma película apreensiva. Nesse sentido, os elementos supracitados são cruciais para a concepção atmosférica projetada por intermédio da casa que respalda o palco narrativo. Dito isso, a direção constrói o ambiente como um personagem adicional do enredo, atribuindo-lhe características visuais tão intrigantes quanto singulares. O foco nas bolhas e imperfeições das paredes, bem como os vazamentos das encanações, são detalhes enfatizados por Stephen que atribuem personalidade ao domicílio e abrem margem para diversas interpretações.
Outrossim, muitas cenas são filmadas por de trás de vidros pouco nítidos que impossibilitam que o público tenha uma visão clara do que está ocorrendo. Essa estratégia, auxiliada pelo destaque de objetos enigmáticos e figuras misteriosas que jamais têm suas identidades reveladas, evocam um clima sugestivo que corrobora a crescente exoticidade do entrecho. Ademais, a predominância de sequências marcadas por um destaque dos atores ao fundo propicia a sensação de que eles estão sendo engolidos pelo cenário, o que, notoriamente, aquece as discussões pertinentes ao tom subjetivo da obra.
Por sua vez, o filme brinca com o vazio dos cômodos da residência e as sombras que os preenchem para moldar a ambientação desejada. No que lhe concerne, a trilha diegética e extradiegética se alinham aos sons estranhos que a casa emite para criar uma sonoplastia enervante. Por outro lado, a utilização do jump scare é eficiente em sua primeira inserção, porém a repetição do artifício faz com que este se torne óbvio e perca o efeito. Todos esses tópicos fomentam um caráter soturno e especulativo que são suficientes para caracterizar uma produção de terror, o que denota a capacidade do roteiro de flertar com gêneros diferentes, visto que The Humans é, também, um drama.
Dessarte, o longa se apoia na construção dialógica para engendrar os conflitos da trama. Desse modo, os palratórios se desenvolvem com naturalidade, o que é efetuado por meio de uma imobilização da câmera que permite os atores brilharem e Karam apregoar a sua capacidade de escrever diálogos. Nesse contexto, o script sabe a hora exata de intensificar o tom das conversas e quando amenizá-las, fazendo com que nenhuma abordagem se sobreponha agressivamente à outra. Além, nos momentos em que a câmera não está estática, Stephen usa movimentos suaves de aproximação para acentuar o que está sendo dito e estudar seus personagens. Em face disso, a película esmiúça as reações de seus astros alongando cenas aparentemente desimportantes com o intuito de explorar a relação complexa daqueles familiares e como cada frase proferida é absorvida por cada um deles.
No que diz respeito às atuações, os intérpretes são responsáveis por viver eficazmente indivíduos com personalidades bem definidas. Richard Jenkins tem uma performance pontuada pela austeridade de sua persona e um desconforto inerente à sua presença na casa; Jayne Houdyshell consegue transmitir tanto rabugem quanto mágoa com pequenas mudanças de feição; Amy Schumer faz a pessoa mais retraída da família, mas que também apresenta a maior instabilidade emocional; Beanie Feldstein, em contrapartida, é carismática e muito mais efusiva que sua irmã; Steven Yeun tem uma interpretação bastante contida que condiz com o caráter discreto de seu papel; e June Squibb faz bem as senilidades de sua personagem.
Em suma, The Humans é uma produção atmosférica e insinuante que se alicerça no talento de seu criador para criar uma estória tensa com poucos recursos narrativos.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (mundial): 12 de setembro de 2021
Direção: Stephen Karam
Elenco: Beanie Feldstein, Steven Yeun, Amy Schumer...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
No Dia de Ação de Graças, a família Blake se reúne num apartamento decadente no centro de Manhattan.

Avaliação:
IMDb: 6,2
Rotten: 93%
Metacritic: 78%
Filmow (média geral): 3,3
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação


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