8 de janeiro de 2022

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A Pior Pessoa do Mundo

Pôster

Prestigiado em Cannes e amplamente ovacionado pelos veículos de crítica após exibições em festivais, A Pior Pessoa do Mundo é o filme encarregado de encerrar a Trilogia de Oslo dirigida por Joachim Trier. Antecipadamente, destaco que a produção cumpre o seu papel com primor.
Em primeira análise, este é um longa que de imediato apregoa suas características. Os primeiros minutos, extremamente enérgicos, apresentam uma direção ardorosa que interage a todo instante com o espectador e torna a experiência narrativamente imersiva. Esse frenesi incipiente também dialoga com o caráter da protagonista e o seu ritmo de vida, fornecendo, de antemão, um vislumbre da abordagem escolhida por Trier que irá viger durante toda a obra. Logo, urge que se estabeleça um forte laço entre os assistentes e a personagem central.
Posto isto, o diretor constantemente coloca o público sob a perspectiva de Julie para que este possa ver o mundo da forma que ela o enxerga. Além de ser um recurso que a película utiliza para estar sempre se reinventando, Joachim descontrói os padrões diegéticos da narrativa e cria sequências praticamente oníricas que são curiosas de se acompanhar. Vale salientar que a pontualidade com que estas cenas ocorrem enaltece sua eficiência. Ademais, a humanidade que o roteiro emprega sobre a personagem é um elemento crucial para solidificar o envolvimento dos espectadores com Julie.
Nesse sentido, A Pior Pessoa do Mundo é um filme sobre as vicissitudes da vida. Desse modo, os assistentes facilmente se identificam com a protagonista devido à verossimilhança que os acontecimentos se articulam em sua rotina. Assim, o script explora a imprevisibilidade do dia a dia de Julie sem julgamentos ou acusações, traçando o retrato fiel de como as pessoas podem tomar decisões diferentes, trocar de carreira, mudar de parceiro e, essencialmente, mostrar que não há problema algum com isso. É uma incessante jornada de autoconhecimento, redescobertas, incertezas e vulnerabilidades, mas, acima de tudo, uma jornada do que é ser humano.
A concepção dos rostos periféricos é igualmente fundamental para a trajetória da personagem. Dito isso, os coadjuvantes têm personalidades bem definidas, o que lhes atribui camadas e possibilita que o entrecho pincele pequenos debates a respeito de arte, mudanças tecnológicas e culturais, objetivos de vida, sexo, filhos e tabus sociais. O carisma de Aksel e Eivind, por sua vez, permite que o público seja contagiado por ambas as figuras, o que faz com que este se martirize todas as vezes que Julie troca de par romântico.
Por fim, a performance de Renate Reinsve é assombrosa. A atriz demonstra muito conforto no papel e transita com versatilidade pelas diversas nuances de sua persona. É uma atuação marcada por polos emocionais em uma mesma cena, sempre em harmonia com a amálgama de tons do texto. Dessa maneira, o trabalho de expressividades da intérprete expressa sua dubiez idiossincrática, o que inutiliza uma narração em voice over expositiva e que se repete em pontos já esclarecidos ou que deveriam permanecer em território ambivalente.
Portanto, A Pior Pessoa do Mundo é uma obra humana, tocante, intensa e criativa que equilibra suas distintas abordagens tonais e finaliza com propriedade a Trilogia de Oslo de Joachim Trier.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (mundial): 09 de julho de 2021
Direção: Joachim Trier
Elenco: Renate Reinsve, Anders Danielsen Lie, Herbert Nordrum...
Gênero: Drama
Nacionalidade: Noruega

Sinopse:
The Worst Person in the World traça um recorte da vida de Julie.

Avaliação:
IMDb: 8,1
Rotten: 100%
Metacritic: 88%
Filmow (média geral): 4,2
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9,5
Avaliação


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