Lançado há aproximadamente
quatro anos, Projeto Flórida foi o filme que alavancou ao mundo o nome de Sean
Baker. Hoje, após muitas expectativas criadas entorno do novo projeto do
diretor, o cineasta apresenta Red Rocket. No entanto, será que o sucesso se
repetirá?
Inicialmente, cabe
salientar que Red Rocket é uma obra singela. Posto isto, o caráter despojado do
longa é projetado a partir das escolhas minimalistas que a direção faz. A
utilização da câmera na mão em determinados trechos, a realização de corte
secos e a estética cru são alguns dos elementos que imprimem uma atmosfera
praticamente documental à película. O design de produção e o figurino se complementam
para confeccionar os cenários que moldam o subúrbio texano, o que é feito por
meio da predominância de objetos e vestes simples que realçam o senso trivial
do enredo.
Sobretudo, os
aspectos supracitados são essenciais para que a maior parte do público se
identifique com o ambiente em tela, afinal, o palco narrativo em que a trama se
desenrola poderia facilmente ser o bairro de classe média baixa de uma cidade brasileira
qualquer, por exemplo. Essa característica também se manifesta por intermédio
dos personagens que são extremamente verossímeis e podem facilmente representar
algum vizinho ou familiar do espectador. Nesse sentido, tendo em vista que o
próprio Sean Baker afirmou que o intuito de sua carreira é normalizar e remover
o estigma de certos estilos de vida, Red Rocket obtém êxito ao retratar sem
preconceitos o cotidiano de um astro pornô.
Outrossim, o
protagonista Mikey Saber é outro exemplo da complexidade humana presente na
obra. Ainda que o indivíduo seja carismático, a personalidade canalha deste é
igualmente apregoada desde o início. Desse modo, mesmo que os assistentes
simpatizem com a persona e muitas vezes torçam para que os seus objetivos sejam
alcançados, o roteiro tão rápido desperta o desprezo do público pelo respectivo
cidadão. Vale ressaltar que a performance de Simon Rex é fundamental para que a
ambivalência do personagem seja imposta e alcance o efeito desejado; o ator é
cativante, possui desenvoltura em tela e lábia suficiente para dissuadir os que estão ao seu redor e os espectadores.
Ademais, a
comicidade compõe um dos pilares do entrecho. Dito isso, a jocosidade surge de
forma espontânea da interação das figuras em cena e dos assuntos corriqueiros dos
diálogos. Convém frisar que o script usa habilmente a profissão exercida pelo
protagonista para engendrar piadas hilárias, visto que a naturalidade com que ele
discorre a respeito do trabalho contrasta com a reação dos ouvintes e desafia o
que pode ser considerado “politicamente correto”. Por sua vez, a trilha é
utilizada com pontualidade e apresenta um timing cômico que dialoga com
sequências que por si só já seriam risíveis, como quando Mikey corre pelado
pelas ruas de sua vizinhança.
Contudo, nem tudo é
perfeito no filme. Assim como em seu longa anterior (Projeto Flórida), Baker é
autocomplacente e se alonga mais que o necessário em seus segmentos finais. Além,
a personagem Strawberry, crucial para o desenvolvimento do enredo, demora para
ser inoculada ao núcleo central, o que compromete minutos preciosos que poderiam
ser enxutos e deixariam a experiência mais redonda. Em contrapartida, o talento
de seu diretor e a diversão proporcionada pela produção são justificativas
suficientes para Red Rocket ser apreciado por qualquer cinéfilo.
Matheus J. S.
Assista e Kontamine-se
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Ficha
Técnica:
Data de
lançamento: sem data
Direção: Sean
Baker
Elenco: Simon
Rex, Suzanna Son...
Gênero: Comédia
Nacionalidade:
EUA
Sinopse (Adoro Cinema):
Em Red Rocket, um ex ator de pornografia, Mikey Saber, se vê fora da
cidade de Los Angeles. Ele decide ir para sua cidade natal no Texas, onde sua
esposa e sogra moram.
Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 86%
Metacritic: 75%
Kontaminantes
(Matheus J. S.): 8
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