29 de janeiro de 2022

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Identidade

Pôster

Dentre os lançamentos de destaque da Netflix durante o ano passado visando a temporada de premiações, Tick, Tick... Boom! e Não Olhe Para Cima são dois títulos fortes que disputam troféus importantes nesse início de 2022. Identidade, que chegou ao streaming pouco tempo antes, também tem conquistado algumas nomeações, contudo, sem qualquer justificativa plausível.
Primariamente, Identidade é um imbróglio diegético. O que começa como uma estória sobre racismo, toma rumos meandrantes que culminam em um cafona triângulo amoroso. A própria premissa, que fala de uma mulher negra que se passa por branca, é deixada de lado e não repercute no enredo. Isso acontece por conta da forma negligente que o roteiro conduz Clare, visto que a personagem entra e sai da narrativa a esmo e não tem as motivações esclarecidas. De similar modo, o passado enigmático que a mulher possui com Irene jamais é revelado, o que é utilizado como ferramenta para o script manter o público “engajado”. Logo, a ausência de respostas não seria um problema se o longa fornecesse suficiente miolo para respaldar a relação das duas no presente e não usasse tais incógnitas como meio de manipulação para prender o espectador em uma trama vazia.
Outrossim, as questões vinculadas ao racismo são majoritariamente inoculadas por meio de diálogos rasos. Nesse sentido, os personagens são compelidos a dizer coisas que não seriam ditas em uma conversa de fluxo natural, ou seja, as figuras em tela são enquadradas em estereótipos baratos somente para replicar as falas exigidas pelo texto. Dito isso, é patente que há inúmeras outras maneiras de expor a personalidade preconceituosa de um indivíduo, mas a urdidura opta pela mais fácil ao simplesmente colocar uma pessoa tagarelando a respeito do quão repulsivo os negros são. Por outro lado, a película demonstra eficiência na concepção dialógica que envolve Brian e Irene tratando acerca do que pode e não pode ser explicado aos filhos sobre racismo. Diferentemente dos demais palratórios, esses funcionam porque servem para apresentar as divergências de pensamento do casal e surgem de forma orgânica enquanto eles papeiam assuntos diversos.
Atinente à relação envolvendo as protagonistas, o filme trabalha esse laço de modo superficial e demasiado ríspido. Em outras palavras, grande parte do primeiro ato é dedicado a um encontro fortuito entre as duas que, por sua vez, se alonga em pautas banais e não progride no que se refere aos temas verdadeiramente relevantes concernentes aos aspectos idiossincráticos de cada uma e o passado que compartilharam juntas; é arrastado e prolixo. A brusquidão mencionada que o roteiro emprega é pertinente às reuniões seguintes que Irene e Clare exercem, pois estas buscam imprimir uma sensação de familiaridade que não foi desenvolvida com antecedência. O mesmo pode ser dito acerca do relacionamento entre Clare e Brian que se inicia de maneira pouco amigável e, repentinamente, ganha nuances mais íntimas.
Sobretudo, a escolha por uma fotografia em preto e branco e o formato de tela 4:3 são meros caprichos da direção. Apesar de tais características atribuírem ao longa uma roupagem mais antiga, esse argumento pode ser utilizado como indulto para a filáucia da diretora na procura de recursos que tornem a película mais interessante do que realmente é. Todavia, vale frisar que o figurino e o design de produção são autenticamente virtuosos ao transmitir toda a pompa dos prósperos anos incipientes da década de 20 nos Estados Unidos.
Em linhas gerais, Identidade carece de um foco narrativo, é bagunçado, presunçoso e funciona apenas como poderoso sonífero.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 10 de novembro de 2021
Direção: Rebecca Hall
Elenco: Tessa Thompson, Ruth Negga, Andre Holland…
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Netflix):
Na Nova York dos anos 1920, uma mulher negra vê seu mundo virar de cabeça para baixo depois de se envolver com uma amiga de infância que finge ser branca.

Avaliação:
IMDb: 6,7
Rotten: 90%
Metacritic: 85%
Filmow (média geral): 3,4
Adoro Cinema (usuários): 3,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 1,5
Avaliação


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