15 de janeiro de 2022

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A Tragédia de Macbeth

Pôster

William Shakespeare é considerado um dos maiores dramaturgos da História. Dentre as peças que o egrégio artista escreveu, se destacam Romeu e Julieta, Hamlet e Macbeth, este último sendo o tema da presente análise. Posto isto, a tragédia sobre um regicida e as consequências de seus atos já foi incontáveis vezes adaptada para o cinema, com versões dirigidas por reputados cineastas, tais como Orson Welles, Roman Polanski e Akira Kurosawa. Esta semana, no entanto, chegou ao Apple TV+ a mais recente adaptação da peça, desta vez sob o comando de Joel Coen.
Primeiramente, convém salientar que, em face do exposto, A Tragédia de Macbeth possui muitos elementos teatrais. Esse caráter do longa pode gerar um estranhamento inicial no público, mas é exatamente esse tipo de peculiaridade que torna a obra eminente. Há muitos monólogos e recitações, muitas vezes até com rimas, e os diálogos - marcados pela frequência de palavras rebuscadas - acontecem de forma lírica revestidos por emoções inflamadas que estabelecem com clareza o que os personagens estão sentindo. As atuações, de similar modo, carregam a dramaturgia inerente ao texto original, no entanto, devido às performances serem pontuadas por exageros, o elenco nem sempre é capaz de cadenciar as reações exacerbadas de seus papeis. Ademais, algumas falas são preguiçosamente expostas e não possuem o requinte característico dos demais palratórios.
Por outro lado, o diretor utiliza o máximo de recursos à sua disposição para instituir a personalidade fílmica da produção. Para tal, Coen demonstra preferência pelo uso de planos gerais para enfatizar pontos de vista que não seriam possíveis em uma peça de teatro. O mesmo pode ser dito acerca da recorrência de ângulos insólitos que, acima de tudo, buscam imprimir a identidade audiovisual do filme. A película também apresenta uma iluminação que serve para expressar visualmente aspectos implícitos do entrecho. Dessa maneira, o semblante de Macbeth está quase sempre dividido por luzes e trevas como forma de expor a dualidade do personagem, enquanto a sua introdução nas cenas geralmente ocorre saindo de uma penumbra com o intuito de realçar a natureza sombria do indivíduo em questão.
Concernente aos cenários, estes, apesar de simples, despertam sensações oníricas. Dentro desse contexto, a presença de brumas e criaturas fantásticas atribuem ao longa um tom surreal que evoca traços do expressionismo alemão. Nesse sentido, a escolha por uma fotografia em preto e branco, mais do que um simples adereço artístico, reitera a impressão de que esta é uma obra feita em tempos remotos. Dessarte, a predileção por cores possibilita que sejam engendradas, com o auxílio da cenografia e da iluminação, imagens belíssimas que poderiam facilmente ser emolduradas. Outra ferramenta que deve ser frisada é o som, visto que este, concebido à base de retumbantes batidas cacofônicas, é um dos principais meios para salientar o desconforto crescente do protagonista ao correr da trama.
Em linhas gerais, A Tragédia de Macbeth é um filme autoral e esteticamente caprichoso que reverencia a dramaturgia da obra original ao passo que firma sua autenticidade cinematográfica.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Apple TV+): 14 de janeiro de 2022
Direção: Joel Coen
Elenco: Denzel Washington, Frances McDormand, Alex Hassell...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Adoro Cinema):
Baseado na peça trágica de William Shakespeare, a nova adaptação de A Tragédia de Macbeth segue a história do lorde Macbeth ao voltar de uma guerra. No meio do caminho, três bruxas o abordam e falam sobre sua visão de que ele será o próximo rei da Escócia.

Avaliação:
IMDb: 7,5
Rotten: 93%
Metacritic: 87%
Filmow (média geral): 3,8
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Avaliação


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