9 de janeiro de 2022

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A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas

Pôster

2021 foi um ano em que as animações ficaram divididas. Luca e Encanto, apesar de ovacionados pelo público, não conseguiram fugir das obviedades do gênero, enquanto Flee e Raya e o Último Dragão obtiveram muito mais sucesso nesse quesito. Nesse sentido, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é, felizmente, um filme que chegou à Netflix em abril para agregar o lado auspicioso da safra.
Introdutoriamente, esta é uma película extravagante. Essa característica é apregoada por meio do estilo escolhido pelos diretores para conduzir a trama. Em outras palavras, a edição é efusiva e encarregada de brincar frequentemente com a introdução de trechos de vídeos, fotos e até memes para traçar paralelo com as circunstâncias em tela. Embora em outras produções esse elemento pudesse ser interpretado como um óbice narrativo, aqui a extroversão da montagem faz parte da personalidade de seus criadores e auxilia os demais recursos utilizados.
Dentre esses, pode-se citar, especialmente, a hegemonia de adereços visuais - como emojis, ideogramas e pictogramas - para projetar as emoções dos personagens e estabelecer o tom entusiástico do enredo. A animação, sobretudo, é assaz colorida, e a aspersão de detalhes e cores que preenchem as cenas criam segmentos onde se é impossível distinguir tudo o que está na tela; o ritmo é acelerado e há sempre muitas coisas acontecendo simultaneamente. Tais traços conferem ao longa um caráter turbulento que dialoga com a intensidade hodierna do século XXI, afinal, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é um filme feito para os dias atuais.
Posto isto, um dos debates que a película propõe é a respeito do choque de gerações. Ainda que não seja o foco da obra, tal discussão é amplificada e consegue pautar a imane dependência que as pessoas têm da internet e dos aparelhos celulares, bem como pincelar os impactos que a ignorância no âmbito tecnológico pode acarretar entre membros de idades diferentes em uma mesma família. Dito isso, Katie e Rick, pai e filha respectivamente, são os sustentáculos desse arco que ensejam, por conseguinte, uma relação que transmite muita genuinidade e ternura ao mesmo tempo. Aliás, a dinâmica entre todos os integrantes do núcleo Mitchell é contagiante e hilária.
Desse modo, pode-se dizer que as excentricidades dos personagens se complementam em tela, visto que as piadas surgem da natureza disfuncional daquela família e dos aspectos heteróclitos de cada constituinte. Vale mencionar que a paixão que Katie sente pela sétima-arte permite que o entrecho use easter-eggs e referências visuais a clássicos do cinema sem se tornar pedante. Ademais, a trilha é entusiástica e corrobora os eventos assistidos, ao passo que o humor, além do que já foi mencionado, pode ser obtido do contraste entre as expectativas dos espectadores e o que realmente acontece; os personagens falam alguma coisa, o assistente se prepara para o que irá ocorrer e a sequência seguinte desconstrói de maneira cômica o que estava sendo aguardado.
Por fim, alguns tópicos negativos têm que ser expostos. Os vizinhos que fazem o contraponto das imperfeições dos protagonistas são descartáveis, pois não acrescentam nada ao plot central e não são engraçados; o público ri da forma que os Mitchell reagem a eles e não dos indivíduos em si, porém, considerando que a urdidura é assaz eficiente em sua vertente jocosa, esses blocos poderiam ser removidos sem causar qualquer distúrbio. Por sua vez, o roteiro também peca na concepção de sua antagonista, tendo em vista que as tentativas de gerar gargalhadas por intermédio desta são falhas. Isso é fruto, principalmente, da utilização de um humor estapafúrdio que opera eficazmente em função das exoticidades previamente estabelecidas da família Mitchell, mas não funciona com uma personagem que o assistente não está habituado e não possui o mesmo tipo de vínculo.
Em linhas gerais, A Família Mitchell e a Revolta das Máquinas é uma produção hilária que se aproveita da estúrdia de sua estética para divertir o público.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Netflix): 30 de abril de 2021
Direção: Michael Rianda, Jeff Rowe
Elenco: Abbi Jacobson, Danny McBride, Maya Rudolph…
Gênero: Animação
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Netflix):
Uma revolta de robôs interrompe a viagem da família. Agora o destino da raça humana está nas mãos dos Mitchells — a família mais estranha do mundo.

Avaliação:
IMDb: 7,7
Rotten: 97%
Metacritic: 80%
Filmow (média geral): 4,0
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 4,0/4,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 8,5
Avaliação

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