31 de janeiro de 2022

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Playground

Pôster

Assim como no recém-comentado Os Inocentes, crianças são um símbolo de pureza que o cinema adora desconstruir e explorar o lado nefasto. Posto isto, Playground, produção belga da estreante Laura Wandel, se junta à obra francesa para o debate.
De início, pode-se inferir que o filme tem como foco a personagem Nora. Nesse sentido, o longa abre com um plano longo que tem como objetivo estabelecer um sentimento de intimidade do público com a protagonista e expor o quão angustiante a situação pela qual ela está passando é. Dito isso, a câmera irá acompanhá-la integralmente ao correr da película, além da direção utilizar recursos para fazer com que o espectador se sinta ainda mais próximo de Nora. Logo, os rostos secundários são geralmente apresentados à distância, desfocados ou acima da perspectiva da personagem pela qual o assistente vê o filme, sendo possível apenas escutar suas vozes, ou seja, é uma ferramenta que tem como intuito mostrar como aquelas pessoas são estranhas para a menina.
Outrossim, Playground é sobre a vida em um novo mundo, nesse caso a vida que começa no ambiente escolar e o quão hostil essa jornada pode ser. Desse modo, o longa consegue evocar uma pungente sensação de impotência ao escrutinar situações na qual as crianças mais novas são importunadas pelas mais velhas.  Há, nesse contexto, um temor por parte do público pela protagonista que é fruto da abordagem crua empregada pela diretora, tanto por meio da fotografia pontuada por cores frias quanto pela ausência de trilha sonora, e a ocorrência de eventos que reiteram o fato de que ninguém está resguardado pelo roteiro. A falta de atitude dos adultos é outro elemento revoltante que acentua o desamparo das inofensivas criaturas, sendo esta vertente responsável por ensejar debates acerca da relação entre pais e filhos e a ineficácia do sistema educacional no combate ao bullying.
No que concerne aos semblantes adjacentes, Abel atua com tanta relevância quanto Nora. Além deste ser o catalisador de alguns dos principais conflitos do enredo, o personagem, mesmo visto sob o ponto de vista da irmã, possibilita que a película destrinche temas relacionados a forma que a violência replica atos ainda mais irascíveis. Por sua vez, o pai dos irmãos propicia questionamentos referentes à sua profissão que jamais são respondidos pelo entrecho, ao passo que o encerramento da produção é demasiado abrupto. Vale ressaltar, ademais, que a performance do elenco mirim é extraordinária. Destarte, Maya Vanderbeque transita com primazia pelas distintas nuances de sua persona, tais como inocência, raiva, sofrimento e empatia, muitas vezes manifestando emoções contrastantes em uma mesma cena. A respeito de Günter Duret, o ator tem uma interpretação marcada por sentimentos reprimidos, embora ele tenha momentos de ternura com a irmã.
Por fim, Playground erra pouco e se consolida, ao lado de Os Inocentes, como uma das obras mais ácidas a retratar as mazelas da infância.
Matheus J. S.
 
Assista e Kontamine-se
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Bélgica): 20 de outubro de 2021
Direção: Laura Wandel
Elenco: Maya Vanderbeque, Günter Duret, Karim Leklou…
Gênero: Drama
Nacionalidade: Bélgica

Sinopse (Filmow):
Quando Nora testemunha Abel sendo intimidado por outras crianças, ela corre para protegê-lo. Mas Abel a força a permanecer em silêncio. Presa em um conflito de lealdade, Nora tenta encontrar seu lugar, dividida entre os mundos adulto e infantil.

Avaliação:
IMDb: 7,3
Rotten: 100%
Filmow (média geral): 3,6
Kontaminantes (Matheus J. S.): 9
Avaliação


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