16 de janeiro de 2022

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Bar Doce Lar

Pôster

Recém-chegado ao Prime Video, Bar Doce Lar adapta o livro sobre as memórias do autor J. R. Moehringer. Estrelado por Ben Aflleck e Tye Kayle Sheridan, o filme propicia uma experiência gostosa de ser assistida.
Introdutoriamente, o primeiro terço do longa é o que concentra os seus maiores acertos. Dito isso, é ao correr dos blocos iniciais que o enredo institui os membros da família de JR e a instabilidade que rege a vida com a sua mãe. A ferramenta utilizada para agilizar a intimidade entre os interlocutores é uma narração em voice over que, além de contextualizar o público, faz comentários adicionais e expressa emoções tolhidas ao longo dos recortes temporais exercidos pelo roteiro. Desse modo, o espectador conhece um pouco mais sobre cada parente do protagonista e a forma que ele se relaciona com cada um deles. Dentre os destaques, pode-se citar o avô, que funciona como alívio cômico, e a avó que, diferentemente dos demais entes queridos, não possui um momento de destaque.
Sobretudo, é com o tio que se arquiteta o principal relacionamento da película. Charlie representa para o sobrinho uma figura paterna que nunca esteve presente, sendo o mentor para JR se desenvolver como homem e cidadão; é um vínculo de bastante afeto e carinho que consegue transmitir o quão importante o tio foi na vida do escritor. Vale ressaltar que a atuação de Ben Affleck é fundamental para apregoar o carisma da persona interpretada que é, acima de tudo, sua exponencial característica; é uma performance de muita segurança e irreverência. Por sua vez, é a partir do arco de Charlie que o filme apresenta personagens terciários extremamente cativantes, ou seja, o pouco realce que o núcleo dos associados do bar tem e a dinâmica leve que sustenta a interação entre eles faz os assistentes desejarem ver mais a respeito.
Um dos gritantes problemas do longa é a montagem. As transições temporais que a urdidura executa são ininteligíveis quanto ao tempo que passou, e as inclusões de cenas no presente são desinteressantes, dispersas e quebram o ritmo do entrecho até a película se estabelecer no período atual da narrativa. Nesse sentido, quando o filme está solidificando os laços e as figuras que os compõem, há uma enorme passagem de anos que urge uma retomada do que havia sido imposto. Desse ponto em diante, há a introdução de novos semblantes que, apesar de clichês, não incomodam devido ao envolvimento previamente instituído do assistente com a estória, porém se tornam um óbice quando o script passa a descartá-los e reutilizá-los ao léu, gerando um vai e vem de coadjuvantes sem qualquer constância.
Ademais, há alguns outros fatores que influenciam a queda de rendimento da segunda metade da produção. A menor participação de Ben Affleck é um deles, visto que Charlie é o personagem com maior viço na trama. Dessa maneira, a troca de intérpretes do JR impacta o elo com o tio, considerando que o ator mirim possui muito mais espaço para desenvolver a química com o seu tutor. Além, vale frisar que o plot da namorada acaba por ser repetitivo e inoperante, ao passo que o longa começa a picotar os seus eventos em uma ânsia de abranger o máximo de situações possíveis para contar ao público.
Por fim, a direção de George Clooney, para o bem ou para o mal, também merece nota. Sem se permitir que o charme da película se restrinja apenas ao roteiro, o cineasta imprime o otimismo do texto nas escolhas criativas, como denota a fotografia marcada por tons amarelos, e a trilha pontuada por gradações lúdicas. Todavia, Clooney faz uso de alguns recursos que, ainda que atestem a mão do diretor por de trás de sua concepção, nem sempre são relevantes. Isso pode ser exemplificado por meio de um plano-sequência em um carro nos minutos incipientes, durante o qual pai e filho conversam brevemente, mas o artifício utilizado pouco agrega ao escopo da obra. Em outros segmentos há a recorrência de abruptos close-ups que destacam a reação de alguma pessoa frente a uma determinada circunstância; é funcional, contudo, não apresenta suficiente personalidade para representar algo maior.
No mais, Bar Doce Lar sofre com as inserções avulsas de rostos secundários, tem uma edição problemática e uma metade menos entusiástica do que a outra. Entretanto, o carisma de seus personagens e o teor auspicioso da estória narrada são capazes de deixar o espectador com um leve sorriso após a sessão.
Matheus J. S.
 
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Ficha Técnica:
Data de lançamento (Prime Video): 07 de janeiro de 2022
Direção: George Clooney
Elenco: Ben Affleck, Tye Sheridan, Daniel Ranieri...
Gênero: Drama
Nacionalidade: EUA

Sinopse (Filmow):
Bar Doce Lar segue um aspirante a escritor na busca de seus sonhos profissionais e românticos.

Avaliação:
IMDb: 6,8
Rotten: 53%
Metacritic: 87%
Filmow (média geral): 3,5
Adoro Cinema (usuários/adorocinema): 3,2/3,0
Kontaminantes (Matheus J. S.): 6
Avaliação


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